UFCA terá aulas de capoeira angola gratuitas para a população. Aulão de abertura ocorre no dia 28 de abril de 2023

Publicado em 19/04/2023. Atualizado em 19/04/2023 às 10h08

Foto: Lícia Maia - Arquivo - Dcom/UFCA

A Universidade Federal do Cariri (UFCA), por meio do projeto Movimenta UFCA, promovido pela Coordenadoria de Esporte e Cultura do Movimento da Pró-Reitoria de Cultura (Procult), disponibilizará aulas gratuitas de capoeira angola para a comunidade acadêmica e demais interessados/as. O aulão de abertura será realizado no dia 28 de abril de 2023, às 15h, no pátio do campus Juazeiro do Norte. 

Durante o mês de maio, outros dois aulões estão confirmados, nos dias 2 e 9, das 15h às 16h, também no campus Juazeiro do Norte. Conforme o coordenador de Esporte e Cultura do Movimento da Procult/UFCA, Sérgio Lopes Vasconcelos Filho, a intenção é que, após os aulões, se forme uma turma de capoeira angola que terá aulas todas as terças-feiras no campus.

Para participar dos aulões não há necessidade de inscrição prévia. De acordo com o treinel (um dos título de quem pratica a modalidade) Paulo Gutemberg, que ministrará as aulas na UFCA, a capoeira angola pode ser praticada por crianças e adultos. Além disso, as pessoas que praticam utilizam sapatos durante a atividade. Isso já faz parte de uma tradição entre angoleiras e angoleiros. 

“Durante a escravidão, apenas as pessoas livres podiam andar calçadas, as pessoas escravizadas deveriam andar descalças. O sapato representava a ascensão social, sendo um símbolo de status. É por esse motivo que os angoleiros e as angoleiras hoje sempre usam sapatos, pois esta é uma forma de reafirmar sua liberdade”, explicou o treinel Paulo Gutemberg.

Capoeira angola 

De acordo com fontes históricas, o “jogo de Angola” surgiu no Brasil colonial, quando os primeiros grupos de africanos bantus foram escravizados. A capoeira passou então a ser jogada nas senzalas, ruas e quilombos, porém não estava livre da repressão que incluía castigos físicos e prisão. Na década de 1930, medidas policiais contra a capoeira deixaram de vigorar, mas a prática ainda levou um tempo para ser aceita na sociedade brasileira. 

Nesse processo, os grupos de capoeira no Brasil foram se dividindo. De um lado, houve a organização da capoeira esportiva como arte marcial, e, do outro lado, a mobilização de grupos de resistência afro-culturais na Bahia, que mantiveram elementos da capoeira trazidos pelos povos bantus. No caso da capoeira angola, foi fundamental a atuação de mestre Pastinha (1889-1981), baiano que reuniu e organizou os princípios dessa prática, difundindo e ensinando pelo Brasil e pelo mundo.

Além do uso de sapatos, o treinel Paulo Gutemberg explica que a música é um elemento fundamental na capoeira angola. “É ela que dá ritmo e cadência ao jogo. Através da musicalidade contamos nossa história e cultura”, conta. As canções são entoadas ao som de diversos instrumentos, como berimbau, pandeiro, reco-reco, agogô, atabaque e caxixi. A prática também tem como princípios a não violência e a cordialidade.

A capoeira angola também não usa sistemas de cordas para representar a graduação da/do capoeirista. “É a relação mestre/discípulo e a trajetória do aluno ou aluna que define sua forma”, explica Paulo. Assim, a angoleira ou o angoleiro recebem títulos ou certificados de acordo com a sua evolução. Após um período de dedicação, a/o aluna/o pode se tornar treinel, em seguida, contramestre e depois pode chegar a mestre.

No Cariri 

O treinel Paulo Gutemberg trouxe a Escola de Capoeira Angola Ifé, do mestre Baygon, de Recife-PE, para o Cariri. “Aqui construímos o Palhoção da Angola, a primeira e única Escola dedicada à genuína e verdadeira capoeira angola ensinada pelo Mestre Pastinha”, conta. O palhoção faz parte do coletivo Roda Semear, localizado em Juazeiro do Norte.  

Com informações do Grupo Nzinga de Capoeira Angola

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