Conheça os cursos de graduação da UFCA: Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática

Publicado em 30/09/2021. Atualizado em 03/10/2022 às 15h15

Estudante do IFE/UFCA segura um geoplano. Foto produzida antes da pandemia de covid-19. Foto: Emanoella Callou - Dcom/UFCA

Vagas: 70 (em 2021)
Semestres: 6
Modalidade: Licenciatura
Campus: Brejo Santo
Período: Noturno

Física, Química, Biologia e Matemática são disciplinas que comumente causam apreensão em estudantes em fase escolar. Isso pode tornar a tarefa dos professores dessas disciplinas, em sala de aula, especialmente desafiadora.

A Universidade Federal do Cariri (UFCA), com o objetivo de aumentar a oferta de professores dessas disciplinas na região do Cariri cearense, dedicou o seu campus Brejo Santo à formação de educadores. Daí o nome da única unidade acadêmica no campus: Instituto de Formação de Educadores (IFE/UFCA). No IFE, é ofertado o curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática (LICNM), que objetiva formar professores das áreas citadas, capacitando-os para atuarem nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano).

Os egressos desse curso da UFCA devem ser capazes de relacionar essas disciplinas, de diferentes formas, possibilitando uma construção de Ensino mais leve e lúdica. Além disso, eles são incentivados, durante a sua formação na Universidade, a usarem novas tecnologias informacionais e comunicacionais para o Ensino, com objetivo de melhorar suas práticas docentes no dia a dia. A intenção é que sejam professores com a capacidade de criar projetos/ações de melhoria do processo de Ensino e Aprendizagem na Educação Básica e de atuar em iniciativas já em curso. 

Em 2021, a UFCA ofertou 70 vagas para a LICNM, com entrada única, por meio do Sistema de Seleção Unificada na instituição (SiSU/UFCA). O curso tem duração de 3 anos e suas atividades são realizadas no período noturno.

Infraestrutura e história

Essa graduação existe desde 2013 e, atualmente, o curso tem 34 professores (todos mestres ou doutores). Inicialmente, o campus Brejo Santo, previsto na lei de criação da UFCA, não tinha a lista de cursos que ofertaria definida. Considerando a tradição educadora da cidade de Brejo Santo e, ainda, dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), no qual a cidade alcançou notável  destaque, a UFCA decidiu que o campus seria voltado para formação de professores, surgindo assim o IFE/UFCA.

Em 2014, as atividades no IFE/UFCA tiveram início no antigo prédio da Escola Estadual de Educação Profissional Balbina Viana Arrais. 

Em 2016, o prédio iniciou um processo de reforma e ampliação, para adequação da estrutura às necessidades de uma universidade. Com isso, as atividades do curso precisaram ser remanejadas para outros espaços: o Liceu Professor José Teles de Carvalho e o Centro de Educação de Jovens e Adultos Joaquim Gomes Basílio. Mesmo com as dificuldades envolvendo o remanejamento das atividades acadêmicas para outros lugares, o IFE/UFCA não deixou de ofertar a LICNM até a conclusão das obras, já em 2019.

Foto da entrada do campus Brejo Santo, em 2019. Foto: Dcom/UFCA

Com a reforma, o campus foi expandido e ganhou novas salas de aula, cada uma com capacidade de até 30 ou 35 alunos. Além disso, o campus recebeu novos computadores, para que os estudantes pudessem ter acesso à internet e a mecanismos tecnológicos de pesquisa. Além disso, o IFE/UFCA também recebeu uma sala multimídia, com a ideia inicial de sediar uma rádio educativa e permitir gravações de estudantes.

Curso generalista, com possível entrada em curso específico

Além disso, a graduação permite que, após os 3 anos de curso, o estudante possa optar por uma segunda graduação específica, em uma das áreas abordadas no curso geral: Biologia, Física, Química ou Matemática. Caso o/a estudante não queira continuar seus estudos, ele/a pode apenas concluir a LICNM e exercer a prática docente no Ensino Fundamental, nas áreas abordadas. Se ele/a resolver ingressar no curso específico, além de obter o diploma referente à conclusão da LICNM, o/a estudante obterá um segundo diploma de graduação, podendo assim exercer a docência também no Ensino Médio.

Dessa forma, os cursos específicos ofertados pela UFCA no IFE (Biologia, Física, Química e Matemática) não são oferecidos via SiSU: eles podem ser cursados apenas por egressos da LICNM.

Componentes curriculares e interdisciplinaridade

Devido ao fato de a LICNM ser um curso interdisciplinar, seus discentes terão contato, durante sua formação, com disciplinas de diferentes áreas do conhecimento, como Física I e II, Matemática I e II, Química Geral e Biologia Celular.

Além disso, a LICNM conta com 8 laboratórios específicos, como o de Química, o de Física e o de Matemática, que são utilizados desde o primeiro semestre, nas atividades práticas.

Segundo o diretor do IFE/UFCA, Rodrigo Lacerda, a LICNM é importante para quebrar as barreiras das formações específicas em um determinado conteúdo: “É a ideia de um curso generalista [que interage com várias áreas], para que, nessa primeira graduação, os futuros professores possam ter uma formação mais geral nas Ciências Naturais [Física, Química e Biologia] e também na Matemática”, disse.

Rodrigo Lacerda (em pé), diretor do Instituto de Educadores (IFE/UFCA), durante a inauguração da reforma do campus Brejo Santo, em 2019. Foto: Gabriel Souza – Dcom/UFCA

Rodrigo também destacou pareceres positivos, advindos de algumas Secretarias de Educação Básica do Cariri Oriental, sobre a atuação de professores formados no IFE/UFCA, principalmente pela interdisciplinaridade proposta pelo curso. O Cariri Oriental é composto pelas cidades de Abaiara, Aurora, Barro, Brejo Santo, Jati, Mauriti, Milagres, Penaforte e Porteiras. 

Além disso, Rodrigo Lacerda também comentou sobre o amplo mercado de trabalho para os formados na LICNM: “Brejo Santo e os entornos são conhecidos e destacados pelos [bons] índices educacionais. [Além disso], existe carência de professores nas áreas de Química, Física, Biologia e Matemática. Então, os alunos se formam no curso e já tem uma atuação direta no mercado de trabalho. É importante também destacar que muitos dos nossos estudantes têm ido para pós-graduação”, afirmou.  

Residência Pedagógica

Instituída pelo Ministério da Educação (MEC), em 2018, a Residência Pedagógica é uma das ações que integram a Política Nacional de Formação de Professores. Atualmente, esse projeto está a cargo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). 

O objetivo é induzir o aperfeiçoamento do estágio curricular supervisionado nos cursos de licenciatura, promovendo a imersão do licenciando na escola de Educação Básica, a partir da segunda metade de seu curso. Além de ministrar aulas, os estudantes também podem realizar atividades como as de intervenções pedagógicas, que são estratégias para modificar o processo educacional por meio de novas formas de abordar o conteúdo, com o objetivo de melhorar o processo de Ensino-Aprendizagem.

Todas essas atividades devem ser acompanhadas tanto por um professor da escola parceira (e com experiência na área de Ensino) quanto por um docente da instituição formadora. Em 2020, a Residência Pedagógica ofereceu, na UFCA, 25 bolsas para os discentes da LICNM (a Capes destina até seis vagas para estudantes voluntários), sob supervisão da professora do IFE/UFCA, Tatiana Andrade, e de 3 professores da Educação Básica.

Geralmente, os cursos participantes da Residência Pedagógica no Brasil são cursos de áreas específicas. Entretanto, conforme a professora Tatiana Andrade, a Capes reconhece o projeto do IFE como multidisciplinar devido a natureza das áreas que o compõe (Biologia, Física e Química) e também conta com projetos específicos nessas áreas.

Tatiana também ressaltou que os projetos da Residência Pedagógica também tem ampliado as áreas de atuação de multidisciplinar para interdisciplinar: “A gente tem ampliado isso, não temos ficado exclusivamente nessas áreas. Os projetos que estão sendo desenvolvidos pelos estudantes [da LICNM], para serem trabalhados em sala de aula, têm envolvido questões [também] de Direito, Sociologia, História, Geografia”, ressalta.

Parceira da UFCA na Residência Pedagógica, a Escola de Ensino Médio Liceu Professor José Teles de Carvalho (EEMTI), localizada na cidade de Brejo Santo, recebeu oito estudantes, sob coordenação da professora responsável pelas disciplinas de Química da instituição, Francisca Vívia Teixeira Costa.  

Fachada da Escola de Ensino Médio Liceu Professor José Teles de Carvalho (EEMTI), em Brejo Santo-CE. Foto: Reprodução – Facebook

Perto dali, na cidade de Milagres, há outras duas escolas parceiras: a Escola Estadual de Educação Profissional Irmã Ana Zelia da Fonseca e a Escola de Ensino Médio Dona Antônia Lindalva de Morais. Ambas receberam oito estudantes da UFCA, sob coordenação dos professores Tadeu Henrique Dantas (disciplinas de Biologia e Química) e Francisco Ivanildo de Souza (disciplinas de Física), respectivamente.

Atualmente os estudantes da UFCA participantes do projeto estão refletindo sobre novas perspectivas de Ensino, voltadas para as necessidades atuais relacionadas às tecnologias, ao Ensino remoto e também a questões de saúde relacionadas à covid-19. Além disso, as atividades estão sendo realizadas de forma on-line, seguindo as medidas de prevenção contra a covid-19.

Uma das aulas realizadas pela Residência Pedagógica de graduandos no IFE/UFCA, com estudantes do primeiro ano da escola Antônia Lindalva de Morais.
Foto: Acervo pessoal Tatyana Andrade.  

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid)

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) é uma iniciativa da Capes que fomenta a iniciação à docência de estudantes de licenciatura, para que tenham contato com o cotidiano das escolas públicas e para estimular o desejo pelo exercício da profissão docente.

Para que uma Instituição de Ensino Superior (IES) possa sediar um projeto como o Pibid, é necessário que ela desenvolva um projeto institucional em escolas parceiras, nos termos dos editais lançados periodicamente pela Capes, e que esse projeto seja aprovado. Esse projeto pode abrigar subprojetos, dentro de cada área do conhecimento, com estratégias de Ensino desenvolvidas por bolsistas junto a professores da Educação Básica. 

Na LICNM, o Pibid é coordenado atualmente pela professora do IFE/UFCA, Eunice Menezes. Segundo ela, para participar do projeto, é necessário que o/a estudante cumpra alguns requisitos: “Podem participar do Programa estudantes de licenciaturas de Instituições Federais, Estaduais e Municipais, de Ensino Superior, que estejam regularmente matriculados em curso de licenciatura da IES, na área do subprojeto, e que tenham concluído, no máximo, 60% da carga horária regimental do curso, e que tenham sido aprovados em processo seletivo relativo ao Projeto Institucional do Pibid na IES. É possível também fazer parte do programa na modalidade voluntário”, disse.

Além disso, a professora Eunice comentou sobre as escolas que recebem o Pibid na cidade de Brejo Santo: “O Pibid IFE/UFCA atua em três escolas parceiras: a Escola de Ensino Fundamental Professor Pedro Gomes da Silva Basílio, que recebe discentes do subprojeto de Pedagogia; a Escola de Ensino Fundamental Mestre Zé Luís Silva Ramos e a Escola de Ensino Médio Professor José Teles de Carvalho, que recebem bolsistas do subprojeto de Ciências”.

Uma das estudantes que participam do Pibid é Fernanda Leite dos Santos. Atualmente no quinto semestre, ela faz parte do programa desde 2019. Ela realiza atividades em uma turma do 8° ano do Ensino Fundamental, na Escola de Ensino Fundamental Mestre Zé Luis Silva Ramos, na cidade de Brejo Santo, ministrando aulas da disciplina de Matemática. Segundo ela, o Pibid proporcionou uma experiência extra: “É uma experiência muito rica de oportunidades, na qual aprendo muito, principalmente a adquirir experiência prática na carreira docente”.

Estudante Fernanda Leite dos Santos, participante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Foto: Acervo pessoal 

Outra questão colocada por Fernanda foram as mudanças causadas pela pandemia na sala de aula e como o Ensino Remoto também colaborou para o seu aprendizado docente: “Apesar de a pandemia ter nos pego de surpresa, a experiência de atuar no Pibid durante o Ensino remoto [me fez] aprimorar habilidades que, se fosse presencialmente, eu não teria aprimorado. No entanto, o meu desejo era que [a experiência no Pibid] fosse presencial. No mais, está sendo maravilhoso fazer parte do projeto e atuar em uma escola tendo momentos diretos e indiretos com os alunos”, disse.

“Estar na Universidade foi algo que [eu] sempre quis”

Clarisse Almeida é uma das estudantes que concluiu a graduação no curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática, em 2019. Segundo ela, a graduação construiu uma nova Clarisse: “A LICNM foi um divisor de águas na minha vida: existe uma Clarisse antes e depois dela. Estar na Universidade foi algo que [eu] sempre quis. […] Hoje, é uma das coisas que mais gosto de fazer, exercer a profissão de professora. Detalhe: sempre fui muito tímida, era a aluna que só falava na aula se o professor me perguntasse algo. Então, cursar a LICNM foi algo que somou bastante na minha vida profissional e pessoal”, falou.

Estudante Clarisse Almeida na sua formatura, em 2019, na cidade de Brejo Santo. Foto: Acervo pessoal.

Clarisse comentou ainda sobre os desafios da sala de aula e sobre a superação da sua insegurança quanto aos seus alunos não estarem entendendo o conteúdo: “Lembro da minha primeira aula. Era uma turma de 6° ano, disciplina de Ciências. O conteúdo era ‘Sistema Reprodutor’, especificamente sobre ‘Fecundação’. Lembro do receio que tinha em saber se eles estavam me entendendo. Sempre perguntava ‘Vocês entenderam? Alguma dúvida? Se não entenderam é só falar, explico novamente’. Era uma insegurança saber se estava falando de forma clara e direta”, relata.

Para Clarisse, essas experiências trouxeram mais ensinamentos didáticos para suas aulas: “Em cada aula, a gente aprende um pouco: como deixar o conteúdo mais atrativo, como se expressar melhor, qual aluno tem mais dificuldade em determinado assunto, [para] qual conteúdo posso levar um jogo ou vídeo. Hoje, consigo lidar melhor com os imprevistos, mas sei que tenho muito a aprender”.

Sobre as experiências proporcionadas pela graduação, Clarisse destacou dois projetos: “O primeiro foi o de Iniciação Científica. Pesquisava sobre um grupo de proteínas chamado Lectinas, orientada pelo professor Pereira Junior durante dois anos. [Também] Participei de eventos acadêmicos. Aprendi bastante coisa, coisas que somaram na minha formação e no meu dia a dia. O segundo projeto foi um de Cultura. Não era bolsista, mas auxiliava na equipe técnica do grupo [participante]. Era um grupo de teatro científico, criado pelos alunos do IFE/UFCA, chamado ‘Centelhas Científicas do Cariri’. Eu e outras colegas éramos responsáveis pelo cenário, criação de itens e a montagem e desmontagem do palco/local da apresentação”, disse.

Atualmente, Clarisse está na segunda parte da graduação da LICNM e optou pela especialização em Biologia, pois ela já havia ministrado aulas dessa disciplina e, assim, acabou se afeiçoando a essa área do conhecimento. 

Serviço

Instituto de Formação de Educadores
Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática
ife@ufca.edu.br