20 anos de implantação do curso de Medicina em Barbalha: série de aniversário aborda histórico, impactos na saúde do Cariri e na Educação médica

Publicado em 14/04/2021. Atualizado em 12/06/2023 às 10h25

Estamos em abril de 2021: ano em que o curso de Medicina em Barbalha, hoje vinculado à Universidade Federal do Cariri (UFCA), completa 20 anos deste a sua aula inaugural, realizada em 28 de abril de 2001. À época, a oferta do curso de Medicina na cidade era uma expansão do curso ofertado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) na capital cearense, Fortaleza. A expansão contemplou ainda a cidade de Sobral, no norte do estado, que também recebeu uma “filial” do curso médico da UFC, em 2001 (sua aula inaugural ocorrera 26 dias antes da “sucursal” barbalhense).

Para marcar os 20 anos da implementação do curso de Medicina da UFC no Cariri (o que anos mais tarde daria origem à própria UFCA), será publicada a partir de hoje, 14 de abril de 2021, uma série de reportagens sobre temas importantes a respeito do curso: o seu histórico de implementação, os seus impactos na rede local de serviços de saúde e, ainda, o que representa, para estudantes que desejam seguir a carreira médica, a oferta gratuita de formação na área, na própria região.

Entre as principais fontes documentais para as reportagens está a dissertação de mestrado “Curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri: sua origem e consolidação (2001-2018)” (link para uma nova página), do professor do curso e médico endocrinologista Bernardo Pinheiro Cardoso de Brito (cratense formado em Recife), submetida ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica de Santos (Unisantos). O trabalho foi orientado pela pegagoga e historiadora Maria Apparecida Franco Pereira.

No trabalho, professor Bernardo explica que “o projeto de interiorização das atividades da UFC veio a partir dos anseios da sociedade interiorana, que via sua única universidade federal voltada, sobretudo, para as demandas da capital cearense, deixando desassistido todo o interior do estado”. Conforme a pesquisa do professor, os primeiros ensaios deste processo de interiorização da UFC se materializaram em 1997, com a instalação de um curso de Direito, em Sobral. Em uma parceria com a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e também com os governos municipal e estadual, a UFC assumiu a gestão acadêmica, a seleção e a formação dos estudantes do curso, “deixando a estrutura física e recursos pecuniários para pagamento dos docentes às custas de seus parceiros”. Em três anos, o curso foi incorporado à UVA, e a UFC avançou para um plano mais ambicioso: levar cursos de Medicina para o interior.

Os desafios a superar, no entanto, seriam muitos.

Primeira turma do curso de Medicina da UFC em Barbalha posa em frente à fachada da sede da formação, que abrigava, até abril de 2000, o Colégio Santo Antônio. À direita, o arco da entrada atualizado, já com a identificação da Faculdade de Medicina. Fotos: Arquivo pessoal de Eliézer Feitosa/Acervo Famed/UFCA.

Formação de Médicos no Cariri: um sonho antigo

“Foi uma experiência boa ter vivido em outras regiões, mas eu preferiria ter estudado [Medicina] sempre aqui, ter feito o curso aqui”, disse o médico e professor caririense Bernardo Brito, em entrevista à UFC TV, no ano de 2011. Antes da interiorização do curso médico da UFC, estudantes no interior do Ceará precisavam migrar para cidades maiores – mais comumente para Fortaleza ou para a capital pernambucana, Recife – para se formarem médicos. A demanda crescente por profissionais de saúde no Nordeste e no Norte do Brasil contrastava com a baixa oferta de cursos de Medicina nessas regiões, o que provocou, por muitos anos, a “importação” de profissionais, vindos de localidades com mais investimentos em Educação médica, como Sudeste e Sul.

À esquerda, professor Bernardo Brito concede entrevista para a UFC TV, em 2011. À direita, o docente atende pacientes em ambulatório na Famed/UFCA, em 2019. Fotos: Reprodução (UFC TV)/ Gabriel Souza – Dcom/UFCA

“No ano 2003, quando não havia médicos graduados por esses novos cursos interioranos, cinco estados da região Nordeste (55,6% de sua população) registravam menos de um médico por mil habitantes, dentre eles o estado do Ceará. Neste ano, enquanto o estado do Rio de Janeiro registrava uma proporção de 1/302, por exemplo, o Ceará tinha um médico para cada 1.161 habitantes. No Ceará, era possível notar uma maior concentração de médicos na capital: enquanto Fortaleza registrava 1/448 médicos por habitante; no interior, um médico servia cada 3.296 habitantes”, explica Bernardo em sua dissertação.

“Minas Gerais, Rio Grande do Sul (…) tinham nove ou doze universidades federais, (…), e o Ceará, uma! Então, nós do Ceará estávamos mandando mão de obra desqualificada para o Sul e Sudeste do país, Sudeste principalmente (…) e o Sul e Sudeste mandando mão de obra qualificada às nossas custas, porque o dinheiro no Brasil é de todos”, refletia o médico Francisco Rommel Feijó de Sá – ex-prefeito de Barbalha e, na época da implantação do curso, deputado federal – durante entrevista ao professor Bernado Brito, concedida em 2019.

O desejo de receber um curso médico, no entanto, não partia apenas da carência de profissionais. Conforme Bernardo, há registros de atividades médicas no Cariri desde o século XIX. Nos anos 1920 – em uma era classificada pelo professor “como pré-hospitalar” –, o médico barbalhense Leão Sampaio, que viria a se tornar deputado federal, “já realizava cirurgias de catarata e glaucoma na cidade [Barbalha]”, atraindo para o Cariri pacientes sertanejos dessasistidos em seus municípios.

Ainda de acordo com o professor Bernardo, na década de 1960, começaram as primeiras discussões e movimentos sociais destinados a trazer, para a região, um curso médico. A demanda era sempre lembrada nas discussões políticas, sociais e acadêmicas da região, que experimentava as complexas transformações por que passam localidades em crescimento populacional.

Estado do Cariri

Desde antes do fenômeno Padre Cícero e do desenvolvimento da cidade de Juazeiro do Norte em torno do turismo religioso e do comércio, o Cariri se destacava (e continua se destacando) como região próspera no Ceará, crescendo constantemente em importância política e econômica. Em 2008 (época de criação da Região Metropolitana do Cariri – RMC), Juazeiro do Norte (a maior das cidades caririenses, em critérios econômicos e populacionais) atingiu a marca aproximada de R$ 1,98 bilhão de Produto Interno Bruto: o então terceiro maior PIB do estado. Em 2018, segundo estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), divulgado no fim do ano passado (link para uma nova página), Juazeiro do Norte registrou R$ 4,82 bilhões de PIB: o quarto maior do estado e o maior entre os municípios fora da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

“Na realidade, a gente estava querendo era o Estado do Cariri não é?! (…) E, não sendo possível esse estado, nós partimos para a nossa universidade federal da região”, disse Rommel Feijó a Bernardo Brito.

Apesar dos esforços da população e dos seus principais representantes políticos, o primeiro curso de Medicina do Cariri não foi oferecido por uma instituição pública. No fim dos anos 1990, a região já contava com a Universidade Regional do Cariri (Urca), instituição estadual (e, portanto, pública) oficialmente instalada em 7 de março de 1987. No entanto, faltava o curso de Medicina. Para atender à demanda por Ensino médico na região, a Universidade Estácio de Sá implementou a Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte (FMJ), que recebeu seus primeiros estudantes no ano de 2000 – estudantes estes que compunham uma parcela privilegiada da população caririense capaz de arcar com os custos dessa formação.

Resistências à expansão do curso de Medicina para o interior

Qualquer curso superior de qualidade requer investimentos mínimos em pessoas, equipamentos, material didático e infraestrutura. O curso de Medicina, no entanto, requer investimentos particularmente altos – e os problemas estruturais na “matriz” do curso médico da UFC, em Fortaleza, fizeram parte do corpo docente questionar se a instituição deveria levar adiante o projeto de interiorização do curso, apesar de reconhecer a importância de oferecer formação médica em outras cidades cearenses.

Instaurou-se um cenário de longas discussões no curso de Medicina, na UFC como um todo e em diversas instâncias municipais, estaduais e federais. Acordos entre diferentes atores dessas esferas eram firmados na tentativa de reunir condições mínimas para a concretização do projeto. Até que a resolução Nº 5, de 2 de junho de 2000, do Conselho Universitário (Consuni/UFC), assinada pelo então vice-reitor, René Barreira, oficializou a oferta de cursos de Medicina também nas cidades de Sobral e Barbalha, com seleção para ambos já no vestibular daquele mesmo ano. O curso de Medicina em Barbalha registrou a maior concorrência naquela edição: 26 inscritos por vaga ofertada. Para o curso em Fortaleza, a concorrência foi de 20 inscritos para uma vaga e em Sobral, de 11 para uma vaga.

Edição de agosto de 2000 da Revista Universidade Pública (UFC) anuncia a interiorização do curso de Medicina para Sobral e Barbalha. Foto: Reprodução

“A extensão do Curso de Medicina da UFC às cidades de Sobral e Barbalha é a resposta de uma instituição responsável e amadurecida a um pleito justo da sociedade. É um processo lógico e natural, que tem como pano de fundo a tradição e a competência de um curso de mais de 50 anos, onde, até pouco tempo atrás, se formava a grande maioria dos médicos cearenses. (Essa realidade modificou-se: já no ano passado [1999], apenas 47% dos profissionais registrados em nosso Conselho Regional de Medicina exibiram o diploma emitido pela UFC. Ou seja, o Ceará está importando um grande número de médicos, quando poderia formá-los aqui, numa universidade pública, de qualidade e genuinamente cearense.)”, disse, naquele ano, o então reitor, Roberto Cláudio Frota Bezerra, em artigo de opinião publicado na edição de agosto da revista “Universidade Pública”, periódico da própria UFC.

Nova proposta pedagógica

No Cariri, o curso de Medicina da UFC iniciou com quarenta alunos, na antiga sede do Colégio Santo Antônio (Rua Divino Salvador, 284, bairro do Rosário, Barbalha). O espaço – o maior dos dois imóveis então pertencentes à entidade não governamental “Centro de Melhoramento de Barbalha” – fora doado à UFC, sem contrapartida, em abril de 2000. A formação fora inaugurada já sob a reforma curricular por que passou o curso de Medicina da UFC, que buscava responder aos anseios humanizadores na Medicina, potencializados pelos movimentos que culminaram na redemocratização do país e na promulgação da Constituição de 1988 – que instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS).

“A já aludida carência de recursos humanos nas cidades menores e menos equipadas não só desafiava a consolidação do SUS, mas também pressionava a academia por uma nova formação médica”, destaca professor Bernardo Brito em seu trabalho. De acordo com a pesquisa do docente da UFCA, o antigo modelo pedagógico do curso médico da UFC dissociava as disciplinas das áreas básicas do então chamado “ciclo profissional”, este com forte direcionamento para a especialização e para a atividade hospitalar. A nova proposta permitia que os futuros médicos tivessem vivências práticas já nos anos iniciais e que refletissem sobre a Saúde de forma holística, compreendendo cada caso clínico a partir das individualidades do(a) paciente e também considerando fatores sociais. Era uma tentativa de despertar nos estudantes de Medicina a reflexão sobre a Saúde como “como um bem a ser promovido e não apenas guardado, protegido e restaurado”.

Tríade Hidemburgo-Gislene-Evanira para todos os módulos iniciais

Da esquerda para a direita: professora Evanira Rodrigues, professora Gislene Farias, deputado Rommel Feijó, professor Hidemburgo Rocha e o juiz de Direito aposentado e professor universitário Alberto Callou Torres, durante cerimônia de instalação do curso de Medicina na cidade, realizada na Câmara de Vereadores de Barbalha, em abril de 2001.
Foto: Arquivo pessoal de Gislene Farias



Nos primeiros períodos do curso de Medicina em Barbalha, apenas três professores (até então, substitutos) ofertavam todos as disciplinas iniciais da formação: o engenheiro químico Hidemburgo Gonçalves Rocha (hoje mestre em Bioquímica e Fisiologia e doutor em Farmacologia), a psicóloga Gislene Farias de Oliveira (atualmente mestra em Desenvolvimento Regional, doutora em Psicologia Social e pós-doutora em Ciências da Saúde) e a enfermeira Evanira Rodrigues Maia (hoje mestra em Sociologia e doutora em Enfermagem). As oportunidades para a docência no novo curso, à época da sua implantação, tornaram-se pouco atraentes por algumas razões principais, entre as quais se destacam a não oferta de concurso para professores efetivos e uma estrutura da sede do curso ainda carente de reformas. Os três professores concentraram uma volumosa carga horária até que novos docentes fossem incorporados ao curso.

“Nesses primeiros meses, nós tivemos muitas dificuldades, mas acho que o mais importante não eram as dificuldade daquele momento. Nós pensávamos que era uma oportunidade ímpar implantar um curso de Medicina na nossa região, [pensávamos em] como esse curso iria contribuir para o desenvolvimento regional, como esse curso iria contribuir para formação de recursos humanos, para o SUS aqui na região; principalmente porque, naquela época, a gente tinha uma carência muito grande de médicos, em todas as áreas. [Continuamos no curso] também pensando na interiorização das profissões de saúde. Era algo extraordinário você ter um curso de Medicina, numa região equidistante de Fortaleza e das outras capitais [no Nordeste] mais ou menos 600 km. Além dessa perspectiva, o que a gente pensava: futuramente, além do curso de Medicina, a gente poderia ter outros cursos aqui na região, principalmente os das áreas da saúde, que poderiam culminar no surgimento de uma universidade”, disse a professora Evanira, em entrevista à Diretoria de Comunicação da UFCA (Dcom/UFCA).

Estrutura cedida pelo Centro de Melhoramentos de Barbalha à UFC, para a expansão do curso de Medicina, durante reformas, em outubro de 2002. Foto: Arquivo Pessoal de Gislene Farias

Os primeiros anos foram cruciais para a consolidação do curso, que sofria com as dificuldades em concluir as reformas estruturais e em contratar novos docentes. Não apenas os poucos servidores de então se dedicavam para enfrentar os percalços, mas também os primeiros estudantes – que se engajaram, de diferentes formas, na reinvindicação do que ainda precisava ser feito: “É importante destacar o protagonismo dos alunos da primeira turma, que, num movimento arrojado, buscaram imprensa, autoridades e a própria direção da UFC à época para levar adiante um protesto legítimo, já que não entendiam e não aceitavam a demora dos processos licitatórios para que tivéssemos completada a infraestrutura [do curso] o mais próxima do ideal possível”, comenta professora Gislene, autora de parte das fotos que ilustram esta reportagem. É retrato desse engajamento dos estudantes uma manobra comum, na época: para que houvesse candidatos nas primeiras seleções para docentes, os próprios estudantes procuravam profissionais na região, informando-os sobre a faculdade e sobre a importância de contribuir para consolidação do curso como docente.

Da consolidação à atualidade

O projeto ousado de formar médicos em Barbalha contou com esforços de múltiplas frentes – e o trabalho conjunto rendeu não apenas a consolidação de um curso de excelência em Educação médica na região (gratuito e de qualidade), mas a própria Universidade Federal do Cariri (UFCA), desmembrada da UFC em 5 de junho de 2013. A UFCA hoje oferta 23 cursos de graduação e 13 de pós-graduação; entre estes, seis residências médicas e dois programas de pós-graduação stricto sensu na área da Saúde: o programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular, em nível de mestrado e doutorado; e o Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, em nível de mestrado.

Hoje, a Faculdade de Medicina (Famed/UFCA) conta com boa infraestrutura de laboratórios de Pesquisa (providos com equipamentos de médio porte) e recebeu, ao longo do tempo, docentes com sólida formação acadêmica. Sua primeira turma concluiu o curso médico em 2006 e, em 2011, já oferecia seus primeiros programas de Residência Médica (nas áreas de Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Medicina Geral e Saúde de Família e Comunidade, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Patologia).

Microscópios adquiridos para o curso de Medicina da UFC, em Barbalha. À esquerda, em outubro de 2002. À direita, em abril de 2019. Fotos: Arquivo Pessoal de Gislene Farias/Gabriel Souza – Dcom/UFCA.


Diferentemente do seu início, o curso se robusteceu. Até hoje, 1.334 estudantes cursaram Medicina em Barbalha: 915, já na era UFCA. Entre esses estudantes estão 47 discentes estrangeiros que chegaram a iniciar o curso pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), do governo federal brasileiro. O PEC-G oferece a estudantes de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordo a oportunidade de estudar uma graduação em instituições brasileiras. Desses 47 estudantes estrangeiros, 24 são discentes atualmente e 16 já se tornaram médicos, pela UFCA.

Estudantes PEC-G do curso de Medicina da UFCA exibem bandeira de Cabo Verde, seu país natal, durante Fórum de Internacionalização, realizado em novembro de 2018. Foto: Lícia Maia – Dcom/UFCA

“Nós conseguimos atravessar o oceano! Nós conseguimos formar médicos não só para o Brasil, mas também para a América Latina e para a África. Do que foi feito no início, de iniciar as atividades mesmo com as condições adversas, hoje nós vemos frutos maravilhosos: nossos estudantes têm excelente desempenho acadêmico e galgam sucesso tanto profissional quanto no campo da gestão em saúde, no campo da política… Nós temos estudantes da primeira turma, por exemplo, que são hoje excelentes cirurgiões, são chefes preceptores de residência médica, nós temos docentes hoje [na UFCA] que são da primeira turma [do curso médico]. Então, nós entendemos que só desempenhamos o nosso papel e fizemos aquilo que estava ao nosso alcance”, avalia professora Evanira.

Até hoje, 713 pessoas já se formaram no curso de Medicina que hoje compõe a UFCA: 269 delas, quando o curso ainda pertencia à UFC. 97 servidores integram a força de trabalho atualmente no campus Barbalha da UFCA: 77 deles, como professores. O campus conta ainda com o trabalho de 12 colaboradores terceirizados.

“Eu me sinto feliz, né, de ter participado de todo esse processo. Quando foi instalada a Universidade, as condições eram precarias, as fontes de recursos [eram escassas]. Foi uma luta muito grande, do pessoal da UFC também, [sem o qual] não teriam acontecido [a expansão e a consolidação do curso]. Eles vinham pra cá [Cariri], treinavam a gente e depois voltavam [para Fortaleza]. A gente foi para Fortaleza também, receber treinamento”, lembra professor Hidemburgo Rocha.

O docente, que também ensina na Urca até hoje, recorda ainda os desafios enfrentados no processo de consolidação e o resultado dos esforços coletivos: “Naquela época, [o curso] não tinha o recurso que tem hoje. Com três anos [da implantação], os alunos participavam das [provas para as] avaliações dos cursos, tirando notas altas. Todos os professores contribuíram [para o processo de consolidação], foi um grande esforço pra implantar os laboratórios. Os microscópios continuam novos. Tem estrangeiros estudando [no curso], levando nosso conhecimento para as suas origens. [Há estudantes] do Paraná, do Acre, de vários estados do Brasil, que estão sendo contemplados com conhecimento produzido em Barbalha. E hoje a gente já se consolidou como uma ótima universidade, com Ensino moderno, professores altamente qualificados, a maioria é [composta por] médicos, que têm seus consultórios e ficam se reciclando dia a dia”, reflete Hidemburgo.

“Sinto-me feliz em ver que o tempo passou e o ideal dos verdadeiros atores iniciantes se materializou, suprindo o país de grandes profissionais da Medicina oriundos da Famed/UFCA. Hoje me sinto parte de tudo isso. Foi um processo conjunto, [que contou com] docentes, servidores e autoridades da comunidade de Barbalha à época. [Todos] abraçaram conosco a responsabilidade de levar adiante um projeto ousado, do porte de uma Faculdade de Medicina no interior do Ceará”, sintetiza Gislene Farias.

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