UFCA ainda aguarda resultado de teste para Covid-19

Publicado em 18/03/2020. Atualizado em 08/11/2022 às 16h55

Laboratório da Faculdade de Medicina. Foto: Gabriel Souza - Dcom/UFCA

A Universidade Federal do Cariri (UFCA) comunica à sociedade que ainda aguarda o resultado do exame para o novo coronavírus feito por um servidor da instituição, na última sexta-feira. Até o fechamento desta matéria, às 14h06 desta quarta-feira, 18 de março de 2020, o resultado ainda não havia sido divulgado pela unidade que coletou a amostra para o teste.

O integrante da comunidade acadêmica da UFCA comunicou ao Comitê Interno de Enfrentamento ao Covid-19 (Cieco-19/UFCA), no dia 13 de março de 2020 (mesmo dia em que se deu a constituição do Comitê), às 18h35, que havia apresentado sintomas típicos de síndrome gripal, como febre, dor de cabeça, fraqueza generalizada, dor no corpo, tosse e coriza.

A apreensão do servidor se deu pelo contato com estudantes que vieram do exterior, mas que não apresentavam sintomas.

Os discentes com quem o servidor teve contato haviam retornado de Portugal e de Malta: zonas até então fora do rastreio epidemiológico das autoridades internacionais e, portanto, sem indicação de quarentena para quem regressasse de lá. Segundo levantamento da Universidade, dois dos estudantes vindos de Portugal voltaram ao Brasil no dia 6 de março de 2020 e o último, no dia 22 de fevereiro de 2020. Sobre a viagem de Malta, que durou cerca de 4 semanas, não há registro oficial de chegada, pelo fato de que a viagem não se deu pelas atividades acadêmicas de quem viajou para lá.

Na unidade de saúde em que foi realizada a coleta de amostra, o servidor relatou que apresentou tosse e febre entre quarta e sexta-feira (11 e 13 de março). Durante o atendimento, no entanto, ele estava afebril, com bom estado geral e sem dificuldade respiratória.

“O serviço de saúde que realiza a coleta do sangue tem até 24h para encaminhar ao Lacen regional [no caso, o de Juazeiro do Norte]. Este, por sua vez, tem até 72h, a partir do horário de coleta, para mandar para o Lacen em Fortaleza. Após chegar ao Lacen Fortaleza, o laboratório tem 48h para fazer a pesquisa do perfil viral para infecções de vias aéreas. Caso o resultado seja negativo, a amostra é encaminhada para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, para a pesquisa específica para o novo coronavírus”, explica a coordenadora do curso de Medicina da UFCA, Emille Sampaio, integrante do Cieco-19/UFCA. Lacen é a sigla para Laboratório Central de Saúde Pública (link para uma nova página).

 Em tempos de desinformação e ânimos exacerbados, parte da população pode esquecer que o intuito de um exame é cuidar de um paciente, não apenas confirmar ou não uma doença específica. Assim, o teste é amplo e seu objetivo é encontrar a causa dos sintomas, não apenas coronavírus: “É importante frisar que o exame não dá positivo ou negativo; ele encontra um leque de doenças de etiologias [causas] semelhantes e sai testando possibilidades até a exaustão. [Dentre as enfermidades testadas] tem gripe aviária, tem Sars, tem H1N1. Então é um exame caro, que demanda muitos reagentes e muitos profissionais. Na rede particular, esse exame chega a custar R$ 460,00”, disse o médico perito da UFCA, Miguel Marx, também componente do Cieco-19/UFCA.

Conforme orientação das autoridades sanitárias internacionais, nacionais e estaduais – e do próprio Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública  do Ministério da Saúde (COE-Covid-19) – é necessário conscientizar a população de que os serviços de saúde só sejam procurados em caso de apresentação de sintomas, para dar lugar aos que realmente precisam de um exame.

“O ponto importante é que o caso suspeito que indica realizar o teste necessariamente precisa ter sintomas. Quem estiver assintomático deve manter o isolamento social e as medidas de higiene, [que já são] recomendados para todos. [Assim] pessoas que tiveram contatos com casos suspeitos só precisam se preocupar em realizar o teste se estiverem com febre ou sintomas respiratórios, independente do resultado”, explica a professora da Faculdade de Medicina (Famed/UFCA), Viviane Chaves, mais uma integrante do Cieco-19/UFCA.

Transmissão por indivíduos assintomáticos

Conforme artigo publicado na revista Science, uma das revistas acadêmicas de maior prestígio do mundo, indivíduos assintomáticos são responsáveis por 79% da transmissão de Covid-19. Assim, mesmo com a boa vontade e com o esforço dos componentes do Cieco-19/UFCA, rastrear a doença na instituição tem menor efetividade que a prevenção e o isolamento individual. Para isso, é preciso que cada uma e cada um assumam a responsabilidade pela própria segurança, adotando boas práticas de higiene e se resguardando, quando possível.

O prudente, agora, é saber que, com a circulação do novo coronavírus no Ceará, qualquer pessoa que você conheça, seja da UFCA ou não, pode estar portando o Covid-19. Assim, prevenção e boa informação são essenciais para que possamos enfrentar com seriedade a doença e impedi-la de atingir os grupos de risco.

Serviço

Comitê Interno de Enfrentamento ao Covid-19 (Cieco-19/UFCA)
Cieco19@ufca.edu.br