Conheça os cursos de graduação da UFCA: Jornalismo

Publicado em 08/11/2022. Atualizado em 07/08/2023 às 14h19

Foto: Vitorino Silva - Dcom/UFCA

Vagas: 50 (anuais)
Semestres: 08
Modalidade: bacharelado
Campus: Juazeiro do Norte
Período: noturno

A divulgação de informações verídicas, bem contextualizadas e livres de qualquer tipo de censura são fatores essenciais na construção de uma sociedade sólida e verdadeiramente democrática. Nesse contexto, profissionais formados em Jornalismo atuam na busca, na apuração e na produção de conteúdos de interesse público, sejam estes textos escritos, imagens, áudios ou vídeos. 

A Universidade Federal do Cariri (UFCA) oferta essa graduação desde 2010, com 50 vagas anuais, na modalidade bacharelado, no turno da noite, no campus Juazeiro do Norte. O ingresso no curso de Jornalismo, assim como nos outros cursos  de graduação da UFCA, ocorre por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). A nota dos/as estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é usada como critério de classificação. Na UFCA, o curso de Jornalismo está vinculado ao Instituto Interdisciplinar de Sociedade, Cultura e Artes (IIsca/UFCA). O IIsca/UFCA conta também com outros cinco cursos de graduação: Letras/Libras; Design; Música; Filosofia (licenciatura) e Filosofia (bacharelado); além de um curso de especialização em tradução e interpretação de Libras.

Telejornal produzido por estudantes do curso de Jornalismo da UFCA para a disciplina de telejornalismo II, em 2017. Foto: YouTube/Cariri TV

Professores, grade curricular e ambientes do curso

O corpo docente do bacharelado em Jornalismo da UFCA, todos mestres ou doutores, é formado por 17 professores. Em relação à grade curricular, na UFCA, essa graduação disponibiliza 34 disciplinas obrigatórias e 30 disciplinas de conteúdo optativo. Elas podem ser cursadas nos turnos da tarde ou da noite, a depender da disponibilidade de disciplinas. O curso permite ainda que os/as estudantes cursem disciplinas livres: as que são ofertadas por outros cursos da UFCA, mas que podem ser cursadas por discentes de Jornalismo. 

No total, é necessária uma carga horária mínima de 3.252h para conclusão do curso; sendo 2.112 horas de disciplinas obrigatórias; 320 horas de disciplinas optativas ou disciplinas livres; 200 horas de estágio supervisionado; 300 horas de atividades complementares e 320 horas para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Um diferencial do curso de Jornalismo da UFCA é a oferta de seis disciplinas laboratoriais que mesclam teoria e prática. Elas ressaltam os principais pilares da atividade profissional dos/as jornalistas para que os/as estudantes possam vivenciar a prática da profissão no decorrer da graduação. Comparadas às disciplinas comuns, normalmente ofertadas com 64 horas/aula, as disciplinas laboratoriais do bacharelado em jornalismo da UFCA possuem o dobro de carga horária de uma disciplina comum (128 horas/aula) e são ofertadas no sexto período letivo. Aos estudantes do curso é obrigatório cursar pelo menos uma dessas disciplinas, listadas abaixo:

  • Laboratório de Jornalismo Impresso;
  • Laboratório de Telejornalismo; 
  • Laboratório de Radiojornalismo;
  • Laboratório de Fotografia; 
  • Laboratório de Jornalismo Digital; 
  • Laboratório de Assessoria de Imprensa.

Destes laboratórios, três dispõe de estrutura específica para as atividades práticas do curso: o laboratório de telejornalismo, o laboratório de radiojornalismo e o laboratório de projetos fotográficos. Os demais laboratórios desenvolvem suas atividades em salas de aula convencionais ou no laboratório de práticas jornalísticas. Todos os espaços citados são equipados com as ferramentas necessárias para o bom desenvolvimento das atividades práticas do curso de Jornalismo, como computadores, câmeras fotográficas, microfones e teleprompter.

Exibição de trabalhos realizados por estudantes do curso de Jornalismo no Laboratório de Telejornalismo, durante o período letivo 2021.2. Foto: Isabel Félix

Projetos de Pesquisa

Em relação aos projetos desenvolvidos por estudantes e professores do curso de Jornalismo da UFCA, entre os ativos em 2022, a graduação tem dez projetos ligados à Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPI/UFCA); quatro vinculados à Pró-Reitoria de Cultura (Procult/UFCA)  e quatro à Pró-Reitoria de Extensão (Proex/UFCA). Dentre esses projetos, destacam-se a revista Memórias Kariri, que pauta a memória da região do Cariri, com sete edições publicadas; e a Corte Seco – revista de audiovisual, que conta com cinco edições.

Distribuição de cartilhas educativas realizada pela revista Memórias Kariri em escolas públicas de Juazeiro do Norte e Brejo Santo, em 2022. Foto: arquivo Memórias Kariri
Segunda edição da Corte Seco – revista audiovisual lançada virtualmente em maio de 2020. Foto/Design: Júlia Marques

Início da profissão e seu exercício na atualidade

A criação do jornal “Acta Diurna”, em  59 a.C. pelo imperador romano Júlio César, é uma das primeiras publicações de cunho jornalístico de que se tem notícia, embora o reconhecimento do caráter efetivamente jornalístico da publicação não seja consenso entre estudiosos da Comunicação. Séculos depois, o alemão Johannes Gutenberg (1398-1468) foi responsável por desenvolver a primeira máquina impressora feita com tipos móveis (letras e demais sinais gráficos), o que modificou a forma como os livros eram confeccionados. Posteriormente, a invenção de Gutenberg também impactou a forma como os jornais eram produzidos.

Os primeiros jornais brasileiros foram o Correio Braziliense e a Gazeta do Rio de Janeiro, ambos lançados em 1808. Por causa da censura imposta pela coroa portuguesa, o Correio Braziliense – que fazia oposição ao regime português – era produzido, editado e vendido em Londres, na Inglaterra. O jornal, no entanto, chegava ao solo brasileiro e era lido no Brasil, mesmo que de maneira informal.

O Jornalismo, como componente social, sempre esteve presente nas modificações vividas pela sociedade. Com a informatização do local de trabalho dos/as jornalistas, as produções jornalísticas se expandiram para diferentes formatos – seja no on-line ou no offline. Essas evoluções exigiram dos/as jornalistas habilidades específicas para desenvolver múltiplas funções. De acordo com o Perfil do Jornalista Brasileiro de 2021, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 61,5% dos jornalistas que participaram da pesquisa, entre os dias 16 de agosto e 1° de outubro de 2021, trabalham atualmente na mídia on-line.

No entanto, ao mesmo tempo que essas mudanças democratizaram a divulgação e o acesso à informação, elas ampliaram também o compartilhamento de informações falsas – as chamadas fake news. Embora já existissem, a rapidez com que as informações falsas se multiplicam atualmente foi potencializada pelas atualizações informacionais que impactaram o exercício profissional dos jornalistas. Vice-coordenador do curso de Jornalismo da UFCA, o professor Luís Celestino de França reforça que o uso deliberado de ferramentas criadas para a produção de desinformações é algo complexo e anterior ao surgimento das mídias digitais. Para Celestino, não se combate a produção de desinformação com apenas uma variável, há várias camadas que precisam ser levadas em consideração – desde uma melhor formação crítica das pessoas até a inserção de ferramentas de checagem, por meio do Jornalismo. De acordo com Celestino, as técnicas de fabricação de fake news têm que ser avaliadas com cuidado e não há uma resposta fácil para esse problema.

Luís Celestino durante participação no programa “Elas em Campo”, produzido por estudantes do curso de Jornalismo da UFCA para a disciplina de laboratório de telejornalismo, durante o período letivo de 2021.2. Foto: YouTube/Cariri TV

“Os meios de disseminação [das notícias falsas] são variáveis e não vamos combatê-los só com a polícia ou com o judiciário, embora eles sejam necessários, mas também [pode-se combater o processo de desinformação] com a melhor formação política da população e com uma pluralidade maior de meios de Comunicação. O diagnóstico tem que ser complexificado, são muitas variáveis e teríamos que identificar todas elas para tentar propor um modelo de resistência”, afirmou.

O curso de Jornalismo e as oportunidades de emprego na região do Cariri

Profissionais formados em Jornalismo, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), podem desenvolver atividades em mais de 20 funções distintas, apenas no âmbito da Comunicação. Essas atividades estão relacionadas com a captação, a organização e com a divulgação de informações junto aos mais diversos públicos – seja por meio de jornais impressos, sites, TV, rádios ou assessoria de Comunicação.

O Cariri cearense, localizado no sul do Ceará, onde está a UFCA, é uma região em contínua expansão e que possui inúmeras necessidades em Comunicação. Segundo dados da pesquisa “Assimetria informacional: estudos dos ‘desertos de notícias’ na região do Cariri cearense”, realizada por estudantes do curso de Jornalismo da UFCA e orientada pelo professor Ivan Satuf, existem 104 veículos de Comunicação na região.

Estudantes de Jornalismo da UFCA durante atividade da disciplina de fotojornalismo realizada, no centro de Juazeiro do Norte, em 2018. Foto: acervo do curso de Jornalismo da UFCA

No Cariri, oportunidades de emprego para estudantes e/ou formados podem ser encontradas tanto nas áreas tradicionais do Jornalismo (jornal impresso, tv e rádio) – que representam 48% do total de veículos da região (também de acordo com a pesquisa orientada por Ivan Satuf), como também em funções diretamente ligadas às mídias digitais. No segundo caso, um exemplo recorrente na região é o social media – profissional responsável por criar estratégias e conteúdos de divulgação para perfis nas redes sociais. Apesar de não ser uma atribuição nativa do/a jornalista, muitos egressos do curso de Jornalismo da UFCA acabam desenvolvendo essa atividade na região do Cariri.

Em relação à empregabilidade, Luís Celestino explica que as possibilidades de empregos para os formados em Jornalismo pela UFCA, na região do Cariri cearense, se multiplicaram em pouco mais de uma década: “Quando eu cheguei ao Cariri, fiz um trabalho, com Ricardo Salmito [também professor do curso de jornalismo da UFCA] e com estudantes, de mapeamento das rádios, emissoras de TV e dos jornais da região – e essas eram as possibilidades de trabalho no jornalismo caririense 12 anos atrás. Hoje, acho que se multiplicaram as possibilidades, no sentido de que as mídias digitais abriram atividades novas que não existiam e o campo do jornalismo ocupou, de certa forma, o campo do marketing e da publicidade na região”.

Ao ser questionado sobre empregabilidade, contudo, Celestino também fala sobre as questões que envolvem a precarização da profissão. Segundo ele, as modificações decorrentes do advento das mídias digitais intensificaram o processo de precarização do trabalho e seria preciso admitir esseproblema sério”, que atinge não só o campo da Comunicação: “Isso nos preocupa bastante. Não temos uma solução para isso. Acho que estamos em uma fase de diagnóstico desse problema, fase de reconhecer que isso é um problema sério (…) e essa minha resposta sobre empregabilidade também deve ser vista com sensibilidade sobre essa questão da precarização”, finalizou.

Pensando no melhor caminho para o exercício da profissão, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) produziu o Código de Ética dos Jornalistas. Esse documento entrou em vigor no ano de 1987 e apresenta um conjunto de normas e procedimentos que auxiliam a conduta de jornalistas na relação com fontes de informação, com a sociedade civil e com outros profissionais da imprensa.

No Brasil, há quatro décadas, a Fenaj também é responsável pela emissão da Carteira Nacional de Jornalista. Ela foi instituída pela Lei n.º 7.084, de 21 de dezembro de 1982 e é válida em todo o território nacional. Para obtê-la, o/a jornalista deve procurar o sindicato de jornalistas de seu estado. No caso do Ceará, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará (Sindjorce) é o responsável por encaminhar as solicitações à Fenaj.

Atualização do Projeto Pedagógico do Curso

O curso de jornalismo da UFCA foi criado no antigo campus avançado da Universidade Federal do Ceará (UFC), na região do Cariri. À época, o curso ofertado era o de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Em 2016, o Projeto Pedagógico de Curso (PPC) passou por adequações e, em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de Jornalismo, a UFCA passou a disponibilizar apenas o bacharelado em Jornalismo. 

O vice-coordenador explica que essas mudanças no PPC vão além da nomenclatura do bacharelado em Jornalismo e estão diretamente relacionadas à intenção de adequar a grade curricular do curso à realidade local. Essas mudanças foram iniciadas ainda durante a transição de UFC para UFCA: “O curso original tinha um PPC igual ao do curso de Jornalismo da UFC, em Fortaleza. Assim, houve primeiro uma adequação para a realidade local que tentava dar uma cara nova ao curso, mas isso foi feito no primeiro momento, ali pelo ano de 2010/2011. Em 2016, precisou-se de outra adequação, considerando que as diretrizes curriculares nacionais também tinham mudado”, complementou. 

“Eu sempre tive uma admiração enorme pela profissão, desde pequeno fingia ser jornalista”

Estudante de Jornalismo da UFCA, Danilo Oliveira explica que, pouco tempo após ter ingressado na UFCA, no ano de 2020, as atividades da Universidade foram paralisadas por causa da pandemia da covid-19. Com a volta das atividades presenciais, ele está tendo a oportunidade de participar de atividades como palestras, rodas de conversas e bolsas de Pesquisa – que o ajudam no fortalecimento de sua vida acadêmica.

Natural de Juazeiro do Norte, Danilo Oliveira é o atual presidente do Centro Acadêmico (CA) do curso de Jornalismo da UFCA. Foto: Vitorino Silva – Dcom/UFCA

Atualmente no quinto semestre do curso, Danilo relembra que, ainda na infância, ele já sonhava em cursar Jornalismo: “Eu sempre tive uma admiração enorme pela profissão, desde pequeno fingia ser jornalista. Sempre gostei muito de conversar e de escrever e, como achei que essas eram qualidades que se alinhavam com o curso e com a profissão, acabei seguindo esse caminho”, lembrou.

Em relação aos conteúdos do curso, segundo Danilo, as disciplinas de Fotografia, Jornalismo Digital I e Introdução às Práticas Jornalísticas foram as que ele mais gostou de cursar até este momento da graduação. Danilo finaliza dizendo que está bastante ansioso pelas disciplinas laboratoriais – ofertadas pelo curso de jornalismo da UFCA no sexto período.

“Na graduação, exercite em essência o que precisará praticar depois dela: curiosidade, ética e bastante coragem”

Joedson Kelvin, natural da cidade de Santana do Cariri-CE, é bacharel em Jornalismo pela UFCA desde 2020. Joedson conta que o curso de Jornalismo foi quem o escolheu e, durante a graduação, percebeu em si características importantes para o exercício da profissão: “Costumo dizer que o Jornalismo é quem me escolheu. Descobri a minha paixão e a certeza pelo curso quando já estava na graduação. Percebi que sempre fui uma pessoa curiosa, comunicativa e que sempre viu a informação como fonte de inclusão e poder”, relembrou.

Atualmente, Joedson mora em Juazeiro do Norte e desenvolve atividades de gerenciamento, briefing, produção e criação de conteúdo para as mídias digitais oficiais da prefeitura da cidade de Juazeiro do Norte. Foto: arquivo pessoal

Aos estudantes que desejam ingressar no bacharelado em Jornalismo da UFCA, Joedson lembra que é preciso estar aberto a todas as possibilidades que o curso e a profissão podem oferecer, principalmente neste momento de convergência informacional: “o Jornalismo contemporâneo é multiprofissional, o que requer, muitas vezes, que nós jornalistas saibamos um pouco de tudo. E isso não é sobre se sobrecarregar ou não ter o foco em uma função específica, é sobre não se rotular. Ser diverso e múltiplo é bem diferente de ser limitado. Na graduação, exercite em essência o que precisará praticar depois dela: curiosidade, ética e bastante coragem”, aconselhou.

Serviço
Curso de Jornalismo
jornalismo.iisca@ufca.edu.br