Projeto de Extensão da UFCA incentiva a leitura de autoras negras. Em 2025, Porteiras e Brejo Santo receberão ações itinerantes da iniciativa
Publicado em 19/05/2025. Atualizado em 20/05/2025 às 11h17

Romper estereótipos literários masculinos e propor a ampliação do conhecimento a partir da leitura de obras protagonizadas por mulheres negras. É por meio dessas perspectivas que se estabelece o novo projeto de extensão da Universidade Federal do Cariri (UFCA) – o “Mulheres Negras na Literatura”.
A iniciativa é coordenada pela professora da UFCA, Ana Paula dos Santos, que leciona no curso de pedagogia – ofertado pela universidade no Instituto de Formação de Educadores (IFE/UFCA). Também integram o projeto as estudantes de pedagogia da UFCA Ana Jussara de Sousa Santos, Raissa Bernardo de Oliveira e Maria Chagas Silva Pereira – todas bolsistas voluntárias.
Os participantes do projeto se reúnem uma vez por mês, na biblioteca do campus Brejo Santo. A comunidade externa também pode participar dos debates.
De acordo com a professora, que trabalha a temática racial na pedagogia, a ideia para o projeto surgiu de uma conversa que ela teve com o bibliotecário do IFE/UFCA, João Dumont: “Conversávamos sobre o espaço da biblioteca também ser um potencializador de cultura literária negra, mas que havia ainda uma ausência no espaço”, afirmou.

Em cada mês, as obras de uma autora diferente são temas das discussões do grupo. Neste mês de maio, a escritora escolhida foi a maranhense Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917). Conforme Ana Paula, a escolha da autora se deu com a intenção de refletir sobre o que houve com a população negra no dia seguinte à assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.
Maria Firmino dos Reis foi a primeira romancista mulher a publicar um livro no Brasil e, oito anos antes da Lei Áurea, criou a primeira escola mista para meninos e meninas do país. Com “Úrsula” (1859), sua primeira obra literária, Maria Firmina criticou a escravidão por meio da humanização de personagens escravizados.
“É [uma escolha] bem simbólica, pois passados 137 anos da assinatura da Lei Áurea, a sua literatura está aí para nos dizer que o movimento abolicionista e a assinatura da abolição da escravatura não foi protagonizado por uma mulher branca entediada, mas, pela população negra, sobretudo pelas mulheres”, destacou Ana Paula.
Mulheres Negras na Literatura Itinerante
Nos meses de setembro e novembro deste ano, o projeto “Mulheres Negras na Literatura” também vai realizar encontros itinerantes em escolas da região.
Entre os dias 20 e 28 de setembro de 2025, ocorre no Cariri a 16ª edição do Congresso Internacional Artefatos da Cultura Negra. Em parceria com o evento, o projeto “Mulheres Negras na Literatura” irá realizar atividades itinerantes na escola quilombola Maria Pinheiro Cardoso, localizada em Porteiras-CE.
Em novembro, a iniciativa também prevê ações itinerantes em escolas públicas na cidade de Brejo Santo – em comemoração ao “Novembro Negro”. Ana Paula explicou que as escolas da cidade serão escolhidas em parceria com a Secretaria de Educação do Município.
Nas mídias sociais, o projeto mantém um perfil oficial no Instagram (no qual é possível acessar obras literárias em PDF) e um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp para divulgação das datas dos encontros e demais informes. O ingresso no projeto ocorre por meio da frequência dos participantes nos encontros.
Serviço
Instituto de Formação de Educadores
ife@ufca.edu.br
Pró-Reitoria de Extensão
proex@ufca.edu.br