Mesmo com pandemia, UFCA forma 265 estudantes em 2020 e já soma 148 egressos em 2021. Docentes comentam reinvenção da Universidade

Publicado em 16/06/2021. Atualizado em 31/10/2022 às 15h59

Feira no Pátio. Imagem captada antes da pandemia de covid-19. Foto: Lícia Maia. Dcom/UFCA

Embora o calendário acadêmico tenha sido suspenso em março de 2020 e, ainda por uma questão de segurança sanitária, as atividades presenciais continuem suspensas até o momento, a Universidade Federal do Cariri (UFCA) não parou. Quando da interrupção das atividades acadêmicas após os primeiros casos de covid-19 no Ceará, diante de uma situação desconhecida e cheia de incertezas, foram necessários alguns meses para que a comunidade acadêmica encontrasse alternativas e se adequasse à nova realidade para dar continuidade, de alguma maneira, ao processo de ensino e aprendizagem.

Nesses primeiros meses, foram promovidas discussões (link para uma nova página), tomadas algumas decisões (link para uma nova página) para a melhor fluidez da vida acadêmica e, em agosto de 2020, foi ofertado o Período Letivo Especial (PLE – link para uma nova página), como forma de diminuir os efeitos negativos da pandemia na formação acadêmica dos estudantes. Os projetos de Pesquisa, de Ensino, de Cultura e de Extensão adaptaram-se, reformularam suas ações e práticas e seguiram realizando atividades na região. Além disso, a UFCA atuou no combate à pandemia e seus efeitos sociais de diversas maneiras, como menciona o pró-reitor de Graduação, Rodolfo Jakov: “Também a UFCA fez uma série de ações para combater a covid-19, como fabricação de máscaras de proteção, arrecadação de alimentos, por meio da UFCA Solidária, entre outras ações”.

Em 2020, mesmo em situação tão atípica, a UFCA formou 265 estudantes, sendo 157 antes da interrupção das atividades presenciais e 108, já durante as atividades remotas. Com a continuidade da pandemia em 2021, três períodos letivos regulares (link para uma nova página) foram planejados em formato remoto para este ano – o primeiro já concluído e o segundo, em andamento. Em 2021, até agora, a UFCA formou 148 estudantes.

De acordo com uma pesquisa coordenada pelo Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades Federais (Cogecom), da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em todo o Brasil, durante o ano de 2020, mais de 50 mil estudantes concluíram a graduação nas universidades e institutos federais (link para uma nova página). Mesmo em contexto adverso.

Reinvenção

Para Rodolfo, como as demais instituições de Ensino, a UFCA teve de se reinventar. “Passamos para o formato remoto em um período curto. Com isso, uma série de resoluções tiveram de ser criadas para [nos] adaptarmos à nova realidade”. Rodolfo lembra que os servidores docentes e os técnico-administrativos tiveram de se adaptar a essa nova realidade em casa, ministrando aulas, fazendo pesquisas, atividades de Extensão e Cultura e executando as tarefas administrativas. “Esse caminho não foi fácil. A UFCA, em seu corpo de servidores e alunos, estava acostumada com a realidade presencial; mas, como isso não é possível [neste momento], tivemos de nos reestruturar de forma rápida para o remoto”, explicou.

Ao fazer uma avaliação desse período, a professora da UFCA e coordenadora do curso de Pedagogia, Iracema Pinho, lembra como essa adaptação gerou uma sobrecarga de trabalho para o corpo docente. Iracema aponta que o Ensino envolve o conhecimento, a aquisição de conteúdo, as práticas, mas também planejamento e avaliação. Ela considera que o planejamento foi o fator que gerou essa sobrecarga de trabalho para os docentes, que tiveram de repensar toda a dinâmica com a qual estavam habituados no presencial. “O aspecto mais difícil que eu aponto, com relação a esse modelo de trabalho que a gente teve de vivenciar, diz respeito ao planejamento das ações docentes”, contou.

Perdas e ganhos

Embora Iracema considere que, nesse processo de adaptação, houve um ganho no que diz respeito à definitiva inclusão de ferramentas de tecnologia da comunicação e da Educação no ensino e aprendizagem, ela percebe que haverá uma perda – que só poderá ser mensurada com o retorno ao presencial –, que é a evasão dos estudantes. “Eu observo que, quando eles escolheram ingressar numa universidade em um curso presencial, eles não imaginavam que, em alguma situação como a provocada pela pandemia, teriam de se adaptar a esse tipo de ensino [remoto]”.

Além de contribuir para evasão, o formato remoto também não favorece a coletividade, como avalia Iracema: “A perda maior que eu considero é realmente o afastamento social. De um modo ou de outro, as pessoas se afastaram, se fragmentaram, e, em se tratando de atividades educacionais, esse tipo de realidade não é positiva, ela acaba colocando cada indivíduo numa ilha, numa ilha pessoal, numa bolha, inviabilizando o que nos torna mais humanos, que é a possibilidade de aprender com os outros através de atividades de socialização”.

O professor do curso de Música da UFCA, Renato Brito, que coordena o Coral da UFCA, também considera que a coletividade foi afetada nesse período. Renato – que, junto aos estudantes integrantes do coral, conseguiu lançar produções audiovisuais (link para uma nova página) que demandaram um complexo trabalho de ensaio, de design e de edição – conta que, mesmo possível, o ensaio remoto traz, em alguma medida, uma perda do sentimento de coletividade: “Um ensaio presencial nunca vai ser a mesma coisa de um ensaio a distância. O presencial tem o contato direto com as pessoas, a gente ouve uns aos outros, a gente acaba também se comportando como um coletivo”.

Renato indica, no entanto, que, apesar de afetar a coletividade, o uso de ferramentas virtuais proporcionou ao coral uma maior inserção nas mídias sociais (@coraldaufca) e a produção de conteúdos com maior alcance, apreciáveis por mais tempo – diferente do contexto presencial, cuja apreciação é única e restrita ao público que estiver acompanhando, ao vivo.

Futuro

Observando o processo de ensino e aprendizagem desde o início da pandemia – e pensando numa perspectiva de futuro –, a professora Iracema Pinho acredita que o que será levado para o retorno presencial (quando sanitariamente seguro) , além da possibilidade das ferramentas tecnológicas de comunicação e Educação, será a agilidade na resolução de problemas. “Eu penso que o que a gente vai levar para um retorno presencial é a capacidade de resolver problemas com mais agilidade, ou seja, resiliência. Voltaremos mais fortes e com uma capacidade ainda maior de adaptação, uma capacidade que já é uma capacidade inerente a todo ser humano: a capacidade de adaptação”, disse.

O pró-reitor de Graduação, Rodolfo Jakov, também acredita que a assimilação dessas ferramentas pode ser positiva para o retorno presencial. “Creio que o retorno presencial passará por mudanças no seu processo de ensino-aprendizagem. O ensino híbrido deve fazer parte do retorno presencial, bem como o aumento de ferramentas digitais, pois as aulas no período remoto utilizaram-se de uma série de instrumentos que ajudam na interação aluno-professor”, disse. “Em suma, esperamos que o mundo digital tanto utilizado no período da pandemia possa gerar uma nova concepção dos espaços de informação e conhecimento, ampliando as competências e habilidades necessárias para formamos cada vez melhor o aluno da UFCA, sempre pautado no espírito crítico, na construção da identidade humana e no protagonismo do estudante”, concluiu.

Serviço

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