Grupo de Leitura Mulheres Pensantes propõe reflexões sobre arte, ancestralidade e resistência indígena na UFCA
Publicado em 20/05/2025. Atualizado em 20/05/2025 às 16h44
Por: Evelyn Alencar (Bolsista Procult/UFCA)

O grupo de leitura Mulheres Pensantes é coordenado pela bolsista Sarah Vitória Amorim Matias, com apoio das voluntárias Thawany Câmara e Mayan Ernandes e é vinculado à Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), com encontros presenciais no campus Juazeiro do Norte.
O objetivo do grupo é estudar e refletir sobre as ações performativas de mulheres artistas indígenas do Povo Kariri, a partir da pesquisa intitulada Avermelhada Corpa-Guerra Corpa-Cura, de Bárbara Leite Matias, que tem como base as teorias do feminismo anti-patriarcal e comunitário, estudos de gênero e o contexto da luta dos povos indígenas no Brasil. A tese de Bárbara se organiza entre elementos audiovisuais e escritos, propondo uma análise sensível e potente sobre as artes da cena indígenas e os caminhos da resistência Kariri.
Bárbara Matias, ou Bárbara Kariri, é indígena da etnia Kariri, nascida na comunidade do Marreco, em Lavras da Mangabeira (CE). É doutora em Artes pela UFMG e atua como multiartista, escritora, realizadora audiovisual, curadora e pesquisadora. Sua trajetória transita entre as artes da cena, o audiovisual e a literatura, com foco em dramaturgia, poesia e produção acadêmica, sempre valorizando saberes indígenas e decoloniais.
Segundo Sarah, o grupo nasceu do desejo de pensar e produzir conhecimento de forma diferente, rompendo com os moldes eurocêntricos e masculinos. A proposta é valorizar outros saberes, especialmente os ligados às culturas negras e indígenas do Brasil, com ênfase no Nordeste, e reconhecer formas tradicionais e comunitárias de organização da vida e do conhecimento, com perspectivas matriarcais e não-binárias. Dessa forma, o projeto se torna também um gesto de resistência, valorização da diversidade e reconexão com nossas raízes.
Inspirada por Dodi Leal, Bárbara Kariri adota o termo “corpA” como forma de resistência linguística e simbólica ao colonialismo e ao patriarcado. Em sua obra, expressões como corpa-guerra e corpa-cura revelam o corpo como território de luta, cuidado e memória ancestral.
O terceiro encontro do grupo acontecerá na quarta-feira, dia 21 de maio de 2025, na sala A22 do campus de Juazeiro do Norte da UFCA, e contará com a participação do projeto Conversas Filosóficas, também vinculado à Procult, que tem como principal objetivo promover a reflexão filosófica por meio de palestras e debates sobre temas contemporâneos, voltados a um público diverso.
Os próximos encontros ocorrerão quinzenalmente, no período da noite, em horário a ser divulgado, na sala E11 da UFCA. As atividades serão organizadas a partir da leitura e discussão dos capítulos da tese, além da exibição de obras audiovisuais da artista Bárbara Matias Kariri. Os encontros são abertos à participação do público, cujas perguntas e reflexões serão parte essencial do processo de troca de saberes e construção coletiva.