Curso de Medicina Veterinária da UFCA realiza primeira defesa de TCC
Publicado em 23/09/2025. Atualizado em 24/09/2025 às 12h23

A estudante Alêssandra Rocha, do curso de medicina veterinária da Universidade Federal do Cariri (UFCA), tornou-se a primeira discente dessa graduação a defender um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Alêssandra defendeu, neste mês de setembro, o TCC intitulado “Doença de Newcastle em Aves por Cepa Letogênica: Relato de Caso”.
Na elaboração do TCC, Alêssandra foi orientada pela médica veterinária Maria do Socorro Vieira e pelo biólogo Francisco Pereira Júnior, ambos docentes no Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB/UFCA). Também participaram da banca avaliadora do TCC a médica veterinária e professora do CCAB/UFCA, Priscila Teixeira, e o médico veterinário Cicero Wanderlô Casimiro Bezerra, fiscal estadual agropecuário na Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri). O médico veterinário Joaquim Hélder, também da Adagri, participou da banca como suplente.

Conforme Alêssandra, a doença de Newcastle é uma enfermidade ocasionada por um vírus que acomete aves silvestres ou domésticas. Os sistemas respiratório, digestivo e nervoso desses animais são alguns dos que podem ser comprometidos pela doença: “[A doença de Newcastle] afeta mais de 200 tipos de aves e se propaga, principalmente, por meio do contato direto entre elas, por secreções respiratórias ou oculares e por fezes”, detalhou Alêssandra em sua defesa de TCC.
Entre os sinais clínicos provocados pela doença de Newcastle, estão alterações respiratórias, asas caídas, paralisia das pernas, torcicolo, falta de apetite e diarreia esverdeada. A enfermidade, frequentemente grave em aves, pode acometer seres humanos, porém, sem gravidade.
Em seu trabalho, Alêssandra fez um relato de um caso específico da doença de Newcastle, com uma cepa “letogênica”, ou seja, de baixa virulência (capacidade considerada reduzida de causar dano ao organismo hospedeiro). O TCC de Alêssandra foi aprovado com nota 10 e, agora, a discente aguarda a colação de grau, que é o último requisito para a formatura oficial em medicina veterinária.
Medicina Veterinária iniciou em 2020, em meio à paralisação das aulas presenciais na UFCA
O curso de medicina veterinária da UFCA, apesar de ter um Projeto Pedagógico de Curso (PPC) aprovado desde o ano de 2015, só realizou sua primeira seleção em 2020 – ano em que teve início a pandemia de covid-19, que acarretou a suspensão das aulas presenciais na UFCA (em 16 de março). De acordo com Alêssandra, a notícia da suspensão das atividades nos campi veio uma semana depois da matrícula: “Salvo engano, eu fiz a matrícula no dia 12 [de março]. No dia 13, eu fui pra aula e, no dia 16, recebemos a notícia da paralisação”, relata.
Em 2020, as aulas do ensino de graduação na UFCA só foram retomadas, ainda que remotamente, em setembro. Conforme Alessandra, além da dificuldade de adaptação à nova modalidade de ensino, a primeira turma de medicina veterinária enfrentou outros desafios: “O curso de medicina veterinária é desafiador, com uma carga horária extensa, o que muitas vezes inviabiliza a realização de outras atividades, inclusive relacionadas ao próprio curso. A Turma 1 enfrentou diversos desafios, como número reduzido de professores e infraestrutura limitada para as aulas práticas. Para as primeiras turmas, portanto, o percurso foi/está sendo mais complicado”, compartilha.
Ainda de acordo com Alêssandra, a grade curricular do curso de medicina veterinária é composta por disciplinas que abrangem várias espécies de animais: “Cada espécie possui sua anatomia e fisiologia próprias, o que exige dedicação para compreender cada uma delas”, disse.
Apesar de esses fatores serem significativos, Alêssandra considera que a maior dificuldade, até a conclusão do bacharelado, foi compor a primeira turma do curso, dadas as adversidades naturais de uma graduação recém-criada, como a carência de professores: “A gente fala que houve professores que ministraram a metade do curso pra gente, porque os concursos [para docentes] foram feitos há pouco tempo”, disse.
Alêssandra, que nasceu em São Paulo e cresceu na cidade Moreilândia-PE (a 60km de Juazeiro do Norte-CE), estudou toda a vida escolar em instituições públicas do município pernambucano. Ela explica que o Cariri é o destino de grande parte dos discentes de sua cidade, apesar de haver algumas Instituições de Ensino Superior (IES) mais próximas, em cidades pernambucanas como Petrolina, Salgueiro, Araripina: “Grande Parte dos jovens daqui fazem faculdade no Crajubar”, disse. O acrônimo “Crajubar” nomeia o conjunto formado pelas principais cidades do Cariri cearense, que são Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha.
Com a graduação concluída, Alêssandra faz planos para o futuro profissional: “Pretendo continuar estudando. Tentar uma pós-graduação e futuramente adentrar no serviço público”, finaliza.
Serviço
Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade
ccab@ufca.edu.br