Pesquisadora que estuda proteínas encontradas em plantas da Chapada do Araripe é selecionada para curso internacional sobre o tema

Publicado em 07/07/2023. Atualizado em 07/07/2023 às 09h05

Daiany Ribeiro em atividade no laboratório. Foto: Romério Rodrigues - LaBEM/UFCA

 A pesquisadora Daiany Alves Ribeiro, do Laboratório de Biologia Estrutural e Molecular (LaBEM), da Universidade Federal do Cariri (UFCA), foi uma das três brasileiras selecionadas para o curso Lectinas: Ferramentas em Glicobiologia, desenvolvido pelo Centro Latino-Americano de Biotecnologia (Cabbio). 

A capacitação, que será realizada entre os dias 7 e 18 de agosto de 2023, em Montevidéu, no Uruguai, ofereceu um total de 16 vagas, sendo três vagas para o Brasil; três vagas para Argentina; oito para o Uruguai; uma para o Paraguai; e uma para a Colômbia. A participação da pesquisadora será financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI).  

O curso internacional tem como público-alvo estudantes de pós-graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado e profissionais da área. Além de promover o intercâmbio de conhecimento entre pesquisadores de diferentes países, a capacitação tem como intuito elevar a qualidade acadêmica, o impacto social, a importância estratégica e o potencial para o desenvolvimento produtivo em biotecnologia.

Pesquisa

Daiany Ribeiro está há um ano na UFCA como bolsista pesquisadora do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (PDCTR), oferecido pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

A pesquisadora atua no Laboratório de Biologia Estrutural e Molecular (LaBEM/UFCA), sob a supervisão do professor e coordenador do LaBEM/UFCA, Claudener Souza Teixeira, que também é pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da Universidade. Ela desenvolve o projeto intitulado “Avaliação da Interação Lectina-Aminoglicosídeos e seu Potencial Modulador na Ação Antibiótica”.

O principal objetivo do projeto, que tem apoio financeiro da Funcap e do CNPq e previsão para ser concluído em 2025, consiste em avaliar o efeito de proteínas extraídas de plantas da Chapada do Araripe no aumento da ação de antibióticos da classe dos aminoglicosídeos (por exemplo, gentamicina, amicacina e neomicina) contra bactérias consideradas multirresistentes. Daiany Ribeiro, portanto, trabalha na busca por substâncias naturais que possam reduzir a quantidade de antibiótico a ser utilizada no tratamento de diversas infecções bacterianas. 

“Como as bactérias multirresistentes se tornaram um problema de saúde global, a busca por produtos naturais, como as lectinas, que já apresentam propriedades biológicas reconhecidas, é constante. Alguns estudos já demonstram que algumas lectinas em associação com antibióticos já existentes no mercado melhoram significativamente seu desempenho contra estes microrganismos resistentes. Entender como essas proteínas vegetais funcionam através de suas ligações e mecanismos tanto com antibióticos como na célula animal é importante para que possam ser usadas futuramente na construção de modelos ativos quando usados simultaneamente com antibióticos e a possibilidade de novos fármacos”, explicou.

Benefícios

A participação no curso de lectinas, conforme a pesquisadora, beneficiará diretamente o projeto que vem sendo desenvolvido por ela no LaBEM/UFCA. “Como o grupo de pesquisa do LaBEM/UFCA no qual faço parte como pesquisadora atua diretamente na obtenção de lectinas e suas aplicações biológicas, o curso poderá ajudar a manter e desenvolver métodos que melhor identificam as lectinas e seus mecanismos de ação, além de ampliar o desenvolvimento de aplicações das lectinas em áreas como a de saúde humana”, explicou. 

Embora a equipe do laboratório já tenha experiência com lectinas vegetais, Daiany acredita que o curso proporcionará mais motivação e apoio para estudos avançados, com a possibilidade de auxílio na manutenção e no desenvolvimento de métodos eficazes. Também será uma oportunidade de adquirir e trocar experiências, contribuindo, dessa forma, para o avanço da pesquisa em biologia estrutural e molecular no Brasil e no exterior. 

Para o coordenador Claudener Teixeira, a participação da pesquisadora no curso poderá trazer novos conhecimentos para estudantes de graduação e de pós-graduação da UFCA, além de proporcionar à UFCA a possibilidade de fechar novas parcerias internacionais, com grupos de pesquisa dos países participantes, por meio de ações que envolvam ciência, tecnologia e inovação.

LaBEM/UFCA

O Laboratório de Biologia Estrutural e Molecular (LaBEM) foi criado em março de 2016, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Com a transferência do coordenador do LaBEM, professor Claudener Teixeira, para a UFCA, em janeiro de 2020, o laboratório foi instalado nas dependências do Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB/UFCA), campus Crato, onde funciona até o momento.

Conforme Claudener Teixeira, o LaBEM desenvolve pesquisas relacionadas à purificação e à caracterização de proteínas bioativas extraídas de plantas da Chapada do Araripe. Essas proteínas são alvo de estudos de interesse terapêuticos para produção de substâncias que atuem, por exemplo, no combate à leishmaniose; na ação de antibióticos; e no efeito analgésico, anti-inflamatório, antiviral e cicatrizante.

Atualmente o laboratório, além do coordenador, conta com duas pesquisadoras de pós-doutoramento, dez estudantes de doutorado e dois de iniciação científica. A equipe é distribuída em três linhas de pesquisa: Purificação e caracterização de lectinas;  Caracterização estrutural de lectinas e Aplicação biológicas de lectinas. O LaBEM também conta com colaboradores de diversas instituições brasileiras.

Serviço

LaBEM/UFCA
Campus Crato
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