Exame descarta Covid-19 em amostra de servidor da UFCA

Publicado em 01/04/2020. Atualizado em 08/11/2022 às 16h58

Foto: Gabriel Souza - Dcom/UFCA

A Universidade Federal do Cariri (UFCA) comunica à sociedade que o exame para o novo coronavírus feito por um servidor da instituição não encontrou Covid-19 na amostra cedida pelo paciente. O resultado foi divulgado às 16h desta quarta-feira, primeiro de abril, pela unidade de saúde onde o material foi coletado.

O servidor, de 37 anos, está bem disposto e assintomático. Já sem frequentar a Universidade desde a última quarta-feira, 11 de março de 2020, sua quarentena já dura 22 dias e vai continuar, dada a necessidade de distanciamento social de todos, não apenas de pessoas com sintomas. Seu aniversário de 38 anos será no próximo dia 8 de abril e os planos são de passar a data em casa.

O servidor começou a apresentar sintomas de gripe na terça-feira, 10 de março. No dia seguinte, ele espontaneamente optou por não ir à Universidade. A coleta para o teste foi feita na noite do último dia 13 de março de 2020, quando o servidor comunicou a Universidade sobre seu estado de saúde.

Todas as unidades da UFCA que funcionam no campus Juazeiro do Norte, onde o servidor trabalha, foram oficialmente comunicadas do resultado pelo Comitê Interno de Enfrentamento ao Covid-19 (Cieco-19/UFCA) minutos após sua divulgação. Apesar de não ter sido encontrado Covid-19 na amostra, o texto traz orientações sobre como agir após contato próximo com casos suspeitos.

De acordo com o Ministério da Saúde, contato próximo se caracteriza pelo contato físico direto (apertos de mão, abraços etc), contato desprotegido com secreção ou objetos não higienizados de pessoas sob suspeição e contato frente a frente ou permanência em ambiente fechado com pessoa sob suspeição por 15 minutos ou mais, a uma distância inferior a dois metros.

Assim, recomenda-se isolamento domiciliar de 14 dias a todos que mantiveram contato próximo com casos suspeitos ou confirmados e apresentarem sintomas, a contar do momento de contato.

“Simplesmente compartilhar a mesma sala não torna alguém contactante para Covid-19”, esclarece o médico perito da UFCA, Miguel Marx.

“Só tem que ir ao hospital quem realmente está com febre alta, acima de 37.8 graus, e sintomas respiratórios, como falta de ar importante, tosse importante. Pouco importa o exame, porque o tratamento é para os sintomas, não para Covid-19“, explica o médico cirurgião Sérgio de Araújo. A preocupação é que a corrida aos hospitais tanto dificulte o trabalho dos profissionais de saúde (que já estão mais expostos ao novo coronavírus) quanto impeça às pessoas com sintomas graves o acesso a atendimento médico. Os exames disponíveis, vale lembrar, são escassos na rede de saúde brasileira. Dada a escassez de insumos, a rede particular local suspendeu exames para Covid-19.

De acordo com os profissionais da área de saúde, não é mais possível garantir que, em qualquer lugar pelo qual se transite fora de casa, não haja pessoas infectadas com Covid-19 – daí a necessidade de distanciamento social de todos, não apenas de pessoas expostas. Assim, saídas de casa devem se resumir a ocasiões estritamente necessárias.

Para as pessoas que precisam continuar trabalhando ou circulando fora de casa, a recomendação especializada é eliminar os pontos de possível transmissão assim que elas voltarem a seus domicílios: “o que as pessoas têm que fazer é, assim que chegar à casa, criar uma espécie de área ‘suja’, tira a roupa e coloca para lavar, vestir outra roupa, tomar banho…”, reforça dr. Sérgio.

Grupos de risco, como idosos, pessoas com câncer, usuários de medicação imunossupressora e gestantes não estão aconselhadas a sair de casa.

No caso de pessoas que apresentarem sintomas, a recomendação muda de isolamento social para o isolamento domiciliar, que é manter distância dos demais moradores da habitação e permanecer em ambiente fechado sempre que possível. Conforme os profissionais de saúde, nesse caso, é preciso manter fechado o quarto onde estará a pessoa sintomática, com as janelas abertas, e não compartilhar utensílios domésticos ou quaisquer outros materiais com as demais pessoas: “é preciso também tomar cuidado com a limpeza do ambiente onde está o paciente, porque a limpeza levanta partículas. Então, se feita por terceiro, essa higienização deve ser feita com máscara. Se o próprio paciente tiver condições de fazer a limpeza, melhor”, complementa dr. Sérgio.

A comunidade acadêmica dos quatro campi da UFCA, não apenas a do campus Juazeiro do Norte, já está em quarentena desde a última segunda-feira, 16 de março, quando as atividades acadêmicas e administrativas presenciais foram suspensas pela Reitoria. Inicialmente, a suspensão estava prevista para até o dia 31 de março. O Conselho Universitário (Consuni/UFCA), no entanto, já suspendeu, por tempo indeterminado, o calendário universitário dos cursos de graduação e de pós-graduação.

Formação Cieco-19/UFCA

O Cieco-19 só foi formado na última sexta-feira após o reitor da UFCA, Ricardo Ness, participar de uma reunião em Brasília, no dia anterior, 12 de março de 2020, com representantes da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC) e da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Até então, o Brasil tinha 77 casos confirmados e o Ceará, ainda nenhum. O primeiro diagnóstico de coronavírus no Brasil foi confirmado no dia 26 de fevereiro deste ano, pelo Ministério da Saúde.

A composição do Cieco-19 foi organizada com urgência, dada a necessidade de rapidez na tomada de decisão por parte da UFCA no enfrentamento ao Covid-19. No total, 14 membros da comunidade acadêmica formaram inicialmente o Comitê, sob presidência da vice-reitora da UFCA, Laura Hévila. Posteriormente, foi requerida a assessoria da Pró-Reitoria de Administração (Proad/UFCA), para agilizar decisões relacionadas aos contratos da instituição, principalmente os relativos à contratação de mão de obra terceirizada.

Também estão representadas a Faculdade de Medicina (Famed/UFCA), a Perícia Médica, o Gabinete da Reitoria, as Pró-Reitorias de Planejamento de Orçamento (Proplan/UFCA), de Graduação (Prograd/UFCA), de Gestão de Pessoas (Progep/UFCA) e de Assuntos Estudantis (Prae/UFCA), a Diretoria de Comunicação (Dcom/UFCA), além de representação discente. Em sua maioria, o Cieco-19 é formado por profissionais da área de saúde.

Até 13 de março, ainda não havia circulação sustentada do Covid-19 no Ceará. No dia 19 de março, quando foi confirmado o primeiro caso no Cariri, o estado já somava 24 confirmações para Covid-19.

Caso suspeito

O então recém-formado Cieco-19/UFCA, apesar de precisar deliberar, no mesmo dia 13 de março, logo após sua composição, sobre o conteúdo da primeira nota informativa à comunidade (publicada às 14h43 no Portal da UFCA, às 14h46 nas mídias oficiais da UFCA no Facebook e no Instagram e às 14h53, via informe por e-mail) e ainda sobre a suspensão ou não das aulas e suas consequências – tudo isso por meio de reuniões marcadas sem antecedência –, acionou seu corpo médico para acompanhar o caso do servidor sob suspeição assim que tomou ciência dele.

Até então, não se tinha evidências científicas de contágio de Covid-19 a partir de pessoas assintomáticas. Um estudo da revista Science foi publicado no último dia 16 de março, evidenciando que quase 80% dos casos são transmitidos por pessoas que não apresentam sintomas.

Serviço

Comitê Interno de Enfrentamento ao Covid-19 (Cieco-19/UFCA)
cieco19@ufca.edu.br