“Acessibilidade na Prática” debate inclusão no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

Publicado em 03/12/2018. Atualizado em 31/10/2022 às 11h23

Foto: Lícia Maia (DCOM/UFCA)

Professores e profissionais que atuam na área de acessibilidade relataram suas experiências no evento “Acessibilidade na Prática”, realizado nesta segunda-feira, no campus Juazeiro do Norte da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em alusão ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro. A programação foi organizada pela Secretaria de Acessibilidade (Seace/UFCA), em parceria com o curso de Letras-Libras da UFCA, atualmente em implantação.

Pela manhã, o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Rodrigo Nogueira Machado, proferiu a palestra “Relato de experiência no departamento de Letras Libras da UFC”. Na sequência, foi a vez da intérprete de Libras, Graziele Gomes, ministrar a palestra “Relato de experiência enquanto tradutora intérprete no Letras-Libras da UFC”.

À tarde, a fala da pedagoga Adenize Queiroz, professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), focou a acessibilidade no ensino superior. Para Adenize, que é cega e ingressou no ensino superior em 1996, houve avanços na superação de barreiras arquitetônicas, mas o maior desafio a superar é o chamado capacitismo, que inferioriza as pessoas com deficiência: “A universidade hoje é bem mais inclusiva do que foi no passado, mas nós temos que nos organizar também contra as barreiras das atitudes. Podemos ter as estruturas físicas mais acessíveis do mundo, mas se as pessoas não forem acessíveis, não vamos a lugar nenhum. É preciso que parem de ter pena das pessoas com deficiência, que acreditem no potencial dessas pessoas e, principalmente, que não ajam (pela inclusão) ‘por’ elas, mas ‘com’ elas, porque nós, pessoas com deficiência, fazemos a nossa parte. Não esperamos mais os nossos pais ou os nossos professores (para reivindicar direitos)”.

Fechando a programação, uma mesa redonda formada por servidores e estudantes da UFCA dissertou sobre acessibilidade. Uma das participantes da mesa, a estudante da Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática, Maria Darlane Pereira, cega, relatou suas principais dificuldades no curso ministrado em Brejo Santo: “Passei meses só para aprender o nome do curso (em braile), mas a principal dificuldade ainda é ter acesso ao que os professores escrevem no quadro durante as aulas. No mais, estou gostando do curso”, relatou.

Também participaram da mesa a arquiteta da Diretoria de Infraestrutura (Dinfra/UFCA), Igliane Telles, a estudante de Biblioteconomia Maria Furtado de Sousa (Lelis), que usa muletas para se locomover, e a pedagoga servidora da Faculdade de Medicina (Famed/UFCA), Joana Angélica, que também usa muletas, para conviver com sequelas de poliomielite. Lelis relatou uma produção acadêmica intensa: “Entrei (na UFCA) sem (sistema de) cotas, já publiquei vários artigos sobre acessibilidade e também escrevi livros sobre esse tema. Pessoas com deficiência são capazes”, afirmou.

Joana, por sua vez, contou, com bom humor, experiências sobre o desrespeito a regras de acessibilidade por pessoas sem deficiência: “Certa vez fui ao supermercado e encontrei a vaga para pessoas com deficiência ocupada. Não vi nenhuma identificação ou adesivo indicando que o veículo conduzia alguém com deficiência e ‘tranquei’ o carro. Não deu 5 minutos e ouvi pelo sistema de som do supermercado um aviso para que eu tirasse o carro da frente (do veículo trancado). Não me importei. Com a insistência dos funcionários, que disseram que o dono do outro carro estava impaciente, eu disse apenas ‘que ele se sente’. Quando terminei as compras, de fato o condutor não tinha nenhuma deficiência e deu a desculpa de que ‘foi só um instante’. Isso acontece sempre. Em lugares com estacionamento disputado, muitos acabam usando as vagas especiais porque acham que os deficientes não estarão lá”, acredita. 

Serviço

Secretaria de Acessibilidade (Seace/UFCA)
Sala 2 – Bloco A, campus Juazeiro do Norte
(88) 3221.9374 / 3221.9375